antologia do esquecimento
sexta-feira, 4 de abril de 2025
UMA LIÇÃO DE LAO TZU
quinta-feira, 3 de abril de 2025
DE MÁ CONDIÇÃO
terça-feira, 1 de abril de 2025
CARTA A ERIC WALKER
DOMESTICADORA DE GIRASSÓIS
236 páginas
Venda directa – pedidos para: companhiadasilhas.lda@gmail.com
Também disponível
segunda-feira, 31 de março de 2025
UM POEMA DE ERIC WALKER
consumimos natureza, conjecturamos,
olhamos para o talismã que nos fará bem.
O mesmo acontece com a política “verde”.
Por todo este país há uma floresta,
uma raiz verde,
não ideais que nos encurralem num paradoxo cego,
mas um movimento de erva que se alastra como um incêndio florestal
por todo o território.
A nossa Mãe é verde, verde é a Terra,
o verde cresce no meio do pó.
Canção verde do início da Primavera, o caule
e o carpelo são verdes, pétalas verdes
da flor mais silvestre de todas
as maçãs da mãe reinetas maduras e verdes,
numa tarte que é toda ela americana
emergindo da própria terra,
pessoas de t-shirts verdes, angariando assinaturas
num boletim verde.
O mundo recupera os sentidos,
já não vê vermelho.
Há trepadeiras a crescer sobre silos de cimento.
Um tufo de amoras cresce ao lado de uma central nuclear.
Ao longo de instalações devolutas de companhias eléctricas há cavalos e ovelhas a pastar
na terra verde
a América é verde.
Vota verde.
A floresta verdejante está de olho em nós.
Nós invadimos a natureza selvagem.
Com as nossas armas vimos apenas o pesadelo deste mundo.
Uma temporada negra num mundo negro onde a memória colapsou
Lembra-te da nossa Mãe verde, a Terra ama o verde.
Azul o céu e verde a erva.
Não podemos continuar a seguir Hitler.
A terra gira na sua órbita verde.
domingo, 30 de março de 2025
QUATRO QUARTETOS
Talvez estejam presentes no devir do tempo
E o tempo ainda por vir no tempo que passou.
Se todo o tempo é, pois, o tempo todo
Todo o tempo é nada
Todo o tempo é ninguém.
O que pudera ter acontecido não ocorreu
Continuando a ser imutável permanência
Num mundo improvável.
Já o que podia ter sido e o que veio a ser
Convergem para um único fim, infinitamente presente.
Apesar de nada se parecerem, e na sebe vicejarem:
Amor-próprio e abnegação às coisas e pessoas, desamor
Por si, e pelas coisas e pessoas; e entre ambas, nascendo, indiferença
Com as demais identificando-se como a morte à vida,
E que entre duas vidas cabe — incapaz de florir entre
A urtiga viva e a morta urtiga.
quinta-feira, 27 de março de 2025
QUATRO TESES DE ALBERTO PIMENTA
O poeta
CALADOS, ERAM POETAS
Infelizmente não é mentira: os Anjos quebraram o silêncio. E o Boaventura também. Um mal nunca vem só.
quarta-feira, 26 de março de 2025
JACARANDÁS
mais ainda por ter-te visto aí sozinha
enquanto nas auto-estradas da ataraxia
choviam gostos sobre o teu gesto
sentindo-me cada vez mais zombie
quando de frente para o mar
ou junto à campa da minha mãe me pergunto:
que faço eu aqui?
sentar-me sob essas sombras trasladadas
a partilhar talvez um cigarro ou versos
ou palavras soltas sobre o tempo
que nos devora pela raiz
rodeado de livros
a viajar de um mictório até Shakespeare
coisas em que me meto ou me metem
não sei bem
mesmo não crendo em indulgências
e absolvições e expiações de pecados
um pelo menos desses 50 mil indignados
tão inócuos como lágrimas de crocodilo
transformado em carteiras e botas
saldadas num shopping onde porventura
estaria ocupada a multidão silenciosa
que te deixou sozinha
sentada sobre um monte de lama
terça-feira, 25 de março de 2025
PEIXEIRADA
José Rodrigues dos Santos, que anda há décadas a vender a banha da cobra a leitores que estão para o romance como os eleitores madeirenses para a seriedade, quis ter ontem o seu momento zénite diante o Secretário-Geral do Partido Comunista Português. Já o tinha feito com Marta Temido, recentemente, e noutras ocasiões que não vale a pena recordar. É useiro e vezeiro neste tipo de situações, tanto ele como o inenarrável Adelino Faria, duas criaturas no serviço público de informação que nunca estiveram à altura das suas responsabilidades. Não vale a pena puxar-lhes as orelhas com insultos nas redes e queixinhas a ERCs que para nada servem. A solução é simples, com aqueles dois não se fala porque não é possível falar. Só se ouvem a eles próprios. Portanto, que fiquem a falar sozinhos. Quem lhes dá emprego é que está mal. Querem peixeirada, vão vender peixe.
segunda-feira, 24 de março de 2025
CAMINHOS
domingo, 23 de março de 2025
A GENTE
Quando alguém desabafa
sobre os seus problemas
a gente escuta
Quando alguém narra
histórias por que passou
a gente ouve
Quando alguém se propõe
discutir soluções novas
para problemas antigos
a gente participa
Quando alguém tagarela
e opina e julga e ajuíza
e se desfaz em considerações
inócuas sobre o fim do mundo
e a decadência dos povos
a gente enche-se de saudade
dos melros na berma do rio
e afasta-se em busca de silêncio
(Tradução de Juraan Vink)
sábado, 22 de março de 2025
SONDAGENS
"Uma pessoa olha para as sondagens e não acredita", diz Amélia. Acredite, Amélia, porque isto não tem nada que saber, nascemos corruptos, crescemos amorais e morremos cheios de virtudes. Portugal é, sempre foi, e não consta que venha a ser outra coisa, um país de favorzinhos, amigos de seus amigos que desenrascam amigos, país de chicos espertos. Isaltino Morais foi eleito na prisão e por aí anda a fazer vídeos sobre rotundas e distribuir comentários na TV, Albuquerque prepara-se para ter maioria absoluta e Montenegro cavalgará a onda. As pessoas não querem saber de truques porque vivem de truques, são iguais, sentem-se legitimadas e desculpadas quando aproveitam a cunha na junta de freguesia, nos serviços camarários, na bicha do hospital, no banco & etc. Andámos anos ajoelhados no beija-mão a Berardo, oferecemos maiorias a Sócrates e Cavacos e tecnoformas e submarinos. Enfim, somos sensíveis a licenciaturas por correspondência e plágios porque não é Doutor quem quer. Isso nem pensar. Mas em sendo, pois que não seja parvo e desça ao nível da realidade genérica e genética: está no adn português, os obséquios, as mercês, os favorzinhos, as amabilidades, as simpatias, os amiguismos. Tudo isto com sentido crítico e doutoramentos em axiologia e ética, que servem, bem sabemos, para passarmos por quem não somos neste reino da hipocrisia.
sexta-feira, 21 de março de 2025
O ÊXTASE DO MAL
O que é que a Fátima Campos Ferreira de plantão no Vaticano, os repórteres no meio dos incêndios e das tempestades e as bichas de trânsito nas vias de circulação inversas aos acidentes têm em comum? A tragédia, a necessidade da tragédia, esta ânsia de que algo corra mal para podermos dizer que vivemos o horror. Ó desgraça, o que seria de nós sem as dores que nos excitam?
quinta-feira, 20 de março de 2025
ATERRO DA LIBERDADE
Terra da liberdade, guardião da democracia, líder mundial
na luta por um mundo mais justo, dizem eles enquanto nos tentam vender a banha
da cobra. Eis mais um exemplo de liberdade na terra dos sonhos:
"A minha detenção foi uma consequência directa do exercício do meu direito à liberdade de expressão, ao defender uma Palestina livre e o fim do genocídio em Gaza, que foi retomado com força total na noite de segunda-feira", disse numa declaração escrita ao diário britânico The Guardian, descrevendo-se como um “preso político”.
quarta-feira, 19 de março de 2025
GENOCÍDIO EM DIRECTO
terça-feira, 18 de março de 2025
EMPRESAS
Ontem percebi finalmente, ao ver a entrevista de João
Adelino Farinha (sic) ao neto de sapateiro, que para se estar na política não
se pode ter um pai, uma mãe, um tio, um avô, um primo, um padrinho, um filho,
uma neta, uma afilhada, etc, empresários. Nada de empresas na árvore
genealógica, só carreirismo imbecil em máquinas partidárias. Que, por acaso,
também são empresas.